Coleta de Tecido de Animais Selvagens para Biobancos: Uma Estratégia para a Conservação da Biodiversidade.
- Liandra Martiliano Gaeth
- há 5 dias
- 3 min de leitura

A conservação da biodiversidade é uma das prioridades globais diante das crescentes ameaças à fauna silvestre. Entre as estratégias inovadoras que contribuem para esse objetivo está a criação de biobancos, uma estrutura que armazena amostras biológicas para uso em pesquisas, conservação genética e possíveis aplicações futuras, como reprodução assistida.
Biobancos são estruturas organizadas para o armazenamento seguro e de longo prazo de materiais biológicos, com informações associadas, que podem ser utilizados em pesquisas científicas, conservação genética e manejo de espécies. No contexto da fauna silvestre, os biobancos têm um papel fundamental na preservação da biodiversidade, permitindo o resgate e a conservação do material genético de animais, inclusive de espécies ameaçadas. Nestes biobancos podem ser armazenados diferentes tipos de amostras, como fragmentos de tecido (pele, orelha), sangue, sêmen, óvulos, embriões e células cultivadas, como fibroblastos, garantindo uma fonte genética valiosa para estudos futuros e estratégias de reprodução assistida.
Um dos métodos utilizados para alimentar esses biobancos é a coleta de tecido de animais selvagens. A seguir, explicamos de forma acessível e objetiva como esse processo é realizado.
1. Coleta do Tecido
A coleta é feita preferencialmente em condições controladas por profissionais habilitados, com todas as autorizações legais e éticas exigidas. O tecido obtido pode ser um pequeno fragmento da pele ou da orelha do animal.
2. Transporte e Processamento em

Laboratório
Após a coleta, o tecido é transportado em condições adequadas até o laboratório. Lá, ele passa por um processo de preparação que permite sua preservação e uso posterior. Parte da amostra é congelada imediatamente, garantindo a conservação do material. Outra parte é utilizada para o cultivo de células em laboratório, especialmente fibroblastos.

3. Cultivo e Multiplicação Celular
As células são cultivadas em placas especiais e monitoradas continuamente. Quando atingem a chamada confluência celular — isto é, quando a superfície da placa está completamente coberta pelas células aderentes —, realiza-se os repiques ou passagens. Esse processo permite que as células continuem a se multiplicar, garantindo uma quantidade suficiente para o armazenamento.

4. Congelamento e Armazenamento
Quando alcança-se uma boa concentração de células saudáveis, elas são congeladas em criotubos e armazenadas em nitrogênio líquido, a temperaturas extremamente baixas (cerca de -196°C). Dessa forma, é possível preservar por tempo indeterminado o material genético daquele indivíduo, criando uma espécie de “arquivo genético” valioso para o futuro.

Por que isso importa?
A criação de biobancos voltados à fauna silvestres tem ganhado destaque por seu potencial de impacto direto na conservação. O armazenamento de amostras biológicas permite:
Estudos genéticos para entender melhor as populações selvagens.
A criação de bancos genéticos para fins de reprodução assistida ou reintrodução de espécies no ambiente natural.
O monitoramento da variabilidade genética e da saúde das populações.
A recuperação de material genético mesmo após a morte do animal.
Mais do que uma ferramenta científica, os biobancos se consolidam como aliados estratégicos na luta contra a perda da biodiversidade. Ao armazenar e preservar o material genético da fauna, estas estruturas oferecem esperança para o futuro de espécies ameaçadas e ampliam as possibilidades de conservação em longo prazo.
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